Na luta e pela luta. Essa frase já seria um breve resumo do início do Fórum Grita Baixada (FGB). Como ficar calado diante de tanto descaso existente na Baixada Fluminense? O medo nos faz sussurrar, mas a coragem de quem luta e de quem sonha tem um poder contagiante, faz a Baixada gritar. Seja pela falta de atendimento digno nos postos de saúde e hospitais, pelas horas que o trabalhador leva para chegar ao trabalho, pela escola fechada por não ter merenda e principalmente pelo jovem que teve sua vida ceifada pela violência.
Saúde, mobilidade urbana, educação e segurança pública são as bandeiras de luta do FGB. Mas a grande urgência é a segurança pública, afinal, a Baixada grita, chega de violência! Nessa luta e pela luta, dada a indignação de movimentos sociais, instituições, igrejas, cidadãos e cidadãs com a violência, que o Fórum Grita Baixada nasceu. Primeiro, buscando agregar a sociedade, apresentar a realidade e levar demandas para as autoridades da segurança pública. Nessa perspectiva, foi realizado em 2012 um encontro com diversas instituições e movimentos da Baixada com o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, e depois a elaboração de um documento às autoridades.
Mesmo com essas articulações, ainda no ano de 2012, as chacinas de Chatuba e Japeri ceifaram vidas pela prática cruel do extermínio que sentencia a juventude negra, pobre e da periferia. O Fórum então se articulava, ganhava forma, nascia na luta e pela luta: chega de violência e extermínio de jovens! Marcada uma audiência pública, o secretário de segurança, Mariano Beltrame, foi até Nova Iguaçu e ao ouvir as demandas ele pronunciou a seguinte frase numa das suas intervenções: “é a primeira vez que a Baixada Grita tão forte”. O movimento era batizado: Fórum Grita Baixada.
O Fórum Grita Baixada cresceu, aos poucos saindo de Nova Iguaçu e expandindo sua atuação e representação pela Baixada. Na última estruturação foram escolhidas 14 instituições e 7 pessoas (individualmente) para compor a coordenação, hoje a participação das instituições vai além desse espaço. O ato da “tocha da vergonha” e o lançamento do relatório “Um Brasil dentro do Brasil pede socorro” deram maior visibilidade para a luta e agregou diversos grupos ao FGB. Tudo isso traz cada vez mais desafios, seja nas novas formas de representação dentro do próprio Fórum, seja na busca por ações para a superação à situação de violência na Baixada.
Não existe receita pronta para o sucesso das ações do FGB na busca da transformação da realidade, mas existem caminhos. Um deles é ter a visão de que o trabalho é coletivo, isoladamente não é possível construir nada diante dessa situação, muito menos enfrentar gargalos históricos como a violência na Baixada Fluminense. Outro ponto é cada vez mais trabalhar a educação popular, houve uma estagnação e as lutas histórias se perderam num misto de descrédito, desconstrução e desesperança. Além de mobilizar, incidir nas políticas públicas, providenciar encaminhamentos, o FGB deve intensificar o trabalho de promover uma cultura de paz, onde a sociedade deixe de achar comum que jovens, negros e pobres sejam assassinados.
Para contribuir nesse processo de transformação da sociedade, sobretudo na redução da violência na Baixada Fluminense, o Fórum Grita Baixada irá trabalhar em alguns territórios, como Imbariê (Duque de Caxias) e Gogó da Ema (Belford Roxo), além de articulações em Lagoinha (Nova Iguaçu) e outras localidades. Além disso, algumas atividades estão previstas para o primeiro semestre de 2017 como um ato em memória da Chacina da Baixada, a Semana da Baixada, museu da memória e enterro dos filhos das vítimas ocultas. O grito do povo da Baixada está ecoando, Grita Baixada!
Junte-se a nós nessa caminhada por uma Baixada com vida e cidadania!
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