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Cinema como pedagogia contra a violência


Cinema como pedagogia contra a violência
Fórum Grita Baixada, Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu e Quiprocó Filmes organizam exibição para cerca de 150 alunos da rede pública de ensino de Nova Iguaçu e Queimados para assistirem sessão especial do documentário "Nossos Mortos Têm Voz"  

O Top Shopping foi palco para a exibição, na manhã dessa quarta (23/05), de sessão especial do documentário Nossos Mortos Têm Voz. O média-metragem, produzido pelos diretores Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, da produtora Quiprocó Filmes e realizado a partir de parceria entre Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, Fórum Grita Baixada e Misereor, tem como foco principal o depoimento de mães e familiares que tiveram entes assassinados pelas forças de segurança de Estado na Baixada Fluminense. Logo após a exibição do filme, Luciene Silva e Silvânia Azevedo, da Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência da Baixada, um dos diretores da película, Fernando Sousa, e o professor de sociologia da UFRRJ, José Claudio Souza Alves, entrevistado no documentário, emendaram um bate-papo sobre o filme.   

Embora a temática do documentário seja forte e, em alguns momentos, as cenas com os depoimentos sejam muito comoventes, a reação dos alunos do Colégio Estadual Milton Campos, em Nova Iguaçu, e da Escola Municipal Washington Manoel, de Queimados, não podia ser mais interativa. Não apenas fizeram perguntas, mas comentários pertinentes sobre as questões abordadas no filme. Um estudante do Colégio Estadual Milton Campos, por exemplo, demonstrou, em seu comentário, maturidade e compreensão sobre questões complexas envolvendo a violência abordada em "Nossos Mortos Têm Voz". “Eu sou um militante e digo que dói muito estarmos a mercê de tudo o que é ruim. Porque parece que nós da Baixada só existimos pra servir as classes mais altas. Toda essa violência mostrada no filme pode acontecer com a gente, já que eu moro no Gama (local onde aconteceu grande parte da Chacina da Baixada, em 2005) e tenho cor negra. Eu sempre apoiei a (truculência da) polícia, que ela tinha que matar bandido. Até o dia em que fui abordado por eles e percebi como é ser tratado de forma covarde”, declarou o estudante, muito aplaudido após seu comentário.

Quem também se destacou foi um grupo de alunas do mesmo Colégio Estadual Milton Campos. Suzana Magalhães, Francielly Santos, Mayza Beatriz, Isabella Augusto, Ester da Silva, Priscila França, Lohany Kathlyn, Rayanne Araújo, Adrielle Damasceno, Raylla Nóbrega, fizeram um jogral chamado "Homenagem às Crianças Vítimas da Violência no Rio", inspirada em uma apresentação feita pelo rapper Gabriel, O Pesador em um quadro do programa Fantástico . A performance foi tão destacada que a coordenação do Fórum Grita Baixada convidou as meninas a repetirem a performance na estreia oficial do documentário.

ESTREIA OFICIAL AMANHà

Em tempo: Amanhã acontecerá a estreia oficial na Baixada Fluminense do documentário "Nossos Mortos Têm Voz". O evento acontecerá no Teatro SESC, localizado na Rua Dom Adriano Hipólito, 10 – Moquetá, Nova Iguaçu. A exibição do filme começa às 18:30h e em seguida haverá um debate com a presença dos diretores do filme, representantes do Fórum Grita Baixada, do Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu e da Rede de Mães e Familiares de Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense, protagonistas do filme.    

23-05-18
https://forumgritabaixada.org.br/cinema-como-pedagogia-contra-a-violencia

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