Pular para o conteúdo principal

NOTA PÚBLICA SOBRE A MORTE DA VEREADORA MARIELLE FRANCO



Nós do Fórum Grita Baixada, exigimos que haja rigor nas investigações para apurar as causas do assassinato cruel e covarde da vereadora do PSOL, Marielle Franco, morta na noite de ontem (14/03). Mais um corpo negro, vindo da favela, que se torna alvo do processo de extermínio da população pobre. Marielle, ela própria uma sobrevivente das estatísticas que circundam as minorias, defendia os direitos dos marginalizados, exigia respeito e dignidade às populações invisibilizadas.

Na semana passada, o Fórum Grita Baixada construiu dois eventos correlatos ao Dia D da Proteção, em que representantes de programas de proteção a vítimas ameaçadas, a crianças e adolescentes ameaçados, não por acaso, também particularizavam o quanto defensores dos Direitos Humanos também necessitavam dessa política. Infelizmente, a morte de Marielle comprova esse triste fato.

Fruto da favela da Maré, do pré-vestibular comunitário, Marielle, de 39 anos, se formou em sociologia pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com foco nas UPPs.

Ativista dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, negras, lésbicas, faveladas ... perdemos uma das poucas e honrosas políticas comprometidas de verdade com as causas populares.

Marielle coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A ativista decidiu pela militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário - justo o momento que lembrou nesta terça no evento com outras mulheres negras - e com a morte de uma amiga a tiros. Ela deixa ao menos uma filha de 19 anos.

Dias antes do assassinato, Marielle Franco havia criticado a ação supostamente violenta dos policiais na comunidade do Acari, no Rio. "Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu, na citação do jornal O Dia de quatro dias atrás.

Em 28 de fevereiro, ela havia se tornado relatora da comissão destinada a acompanhar a controversa intervenção federal. Uma imagem com a frase "não foi assalto" se espalhava rapidamente pelas redes na noite de terça-feira.

Marielle tinha acabado de sair de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”. Motorista Anderson Pedro Gomes que a acompanhava também foi assassinado.




15-03-18
https://forumgritabaixada.org.br/nota-publica-sobre-a-morte-de-marielle-franco

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião dos núcleos do FGB contou com apresentação de diagnósticos sociais e desafios de articulação nos territórios

22 de agosto de 2017  A primeira reunião dos núcleos que compõem o Fórum Grita Baixada foi marcada por grande interação entre o grupo. As dinâmicas, criadas pelo articulador do FGB, Douglas Almeida, incluíram uma mística de autoconhecimento, um diagnóstico sobre os problemas de cada região, além dos desafios de articulação que precisam ser postos em prática. Antes, a coordenadora do Projeto de Litigância Estratégica, Bárbara Lucas, foi convidada pelo coordenador do Fórum, Adriano de Araujo, a fazer uma breve explicação sobre o projeto que irá ser apresentado essa semana. Ela aproveitou o ensejo e convidou os representantes dos núcleos a chamarem moradores de suas localidades em igual situação.  “É um procedimento em que será feita uma responsabilização dos agentes do Estado, além de fortalecer a Rede de Mães Vítimas da Violência da Baixada através de um acompanhamento visando a reparação psíquica pelas perdas brutais que elas tiveram. Temos um grupo de...

O Estado Brasileiro é julgado por seus crimes

Fórum Grita Baixada e movimentos sociais organizam o Tribunal Popular da Baixada Fluminense, na Praça do Pacificador. Imagine que por um dia apenas, o Estado Brasileiro pudesse ser personificado e, assim como qualquer mortal, responder em juízo por quase todos os crimes categorizados pelo Poder Judiciário ao longo dos séculos. A Praça do Pacificador, em Duque de Caxias foi palco, na última terça-feira, 11 de setembro, de um evento inovador que tentou abarcar tal realidade. Um tribunal popular foi montado para a condenação simbólica de uma entidade que afeta a vida de todos nós. Movimentos sociais como o Fórum Grita Baixada, Movimento Negro Unificado, Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense, Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, Casa Fluminense, dentre outros, simularam um julgamento em que o Estado Brasileiro, na condição de réu, seria responsabilizado pelos seus crimes, especialmente os de genocídio contra a populaçã...

Representante da organização Misereor, financiadora do projeto Fórum Grita Baixada, visita escritório do FGB

Representante da organização Misereor, financiadora do projeto Fórum Grita Baixada, visita escritório do FGB  e participa de reuniões estratégicas sobre balanço de atividades do projeto e análise de conjuntura da região Stefan Ofteringer, assessor de direitos humanos da Misereor, organização com sede na Alemanha que financia projetos sociais, entidades ligadas à Igreja Católica, organizações não governamentais, movimentos sociais e institutos de investigação em vários países no mundo, incluindo o Brasil, visitou há algumas semanas, o escritório do Fórum Grita Baixada, no Centro de Formação em Moquetá. Durante a sua estada, que durou dois dias, participou de duas reuniões, com a executiva e a coordenação do FGB. Nelas, recebeu uma devolutiva de todos os trabalhos realizados nos últimos 6 meses de desenvolvimento do projeto, além de escutar uma análise de conjuntura, especialmente sobre os novos núcleos territoriais. Ofteringer também realizou uma oficina de planejame...